Canabidiol (CBD)

Luis Marcelo Humberto Santos Carvalho, junho 5, 2022

CDB, CANNABIS, MACONHA, TRATAMENTO

O Canabidiol, ou, conhecido também como CBD é um dos 104 canabinoides já identificados da Cannabis Sativa ou planta popularmente conhecida Maconha, no Brasil.

Ele atua no sistema nervoso central oferecendo um potencial tratamento terapêutico para doenças psiquiátricas, neurodegenerativas e até mesmo sendo muito usado como suplementação para esportistas de alto nível.

Em 29/10/2021 a Anvisa por meio da Resolução RE4.067 liberou a comercialização e formulação do medicamento sob prescrição médica por meio de receita tipo B, aqui no Brasil.

Um fato importante de ressaltarmos é que o CBD ou Canabidiol é apenas uma substância dentre mais de 500 presentes na planta Cannabis e NÃO POSSUÍ nenhum princípio psicoativo, logo, ao contrário do que muitos pensam não causa o famoso “barato / brisa”, do consumo da Maconha.

Para médicos que desejam se aprofundar nos benefícios do emprego do Canabidiol, a Escola de Educação Permanente do departamento de medicina da USP (EPP-HCFMUSP), oferece o curso de MEDICINA CANABINOIDE, conduzido por médicos e nos moldes científicos baseados em evidências.

Uma outra informação que deve ser muito bem difundida é que não existem comprovações de cura de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas pelo uso do Canabidiol, o que temos comprovado, são grandes melhoras nos sintomas destas doenças através do uso do CBD, sendo assim, esta medicação não deve em hipótese nenhuma ser prescrita como cura e sim como um tratamento de uso contínuo para reduzir e aliviar os sintomas destas doenças.

Pessoas que estão fazendo uso do CBD relatam melhora no sono, apetite, redução de dores derivadas de exercícios físicos, melhora no humor e sensação de bem-estar.

Qual o mecanismo de Ação?

Diferentes alvos de ligação e vias de sinalização têm sido elucidados para justificar os efeitos biológicos observados para o CBD. Dentre estas, o CBD participa da modulação do sistema endocanabinoide, descrito como um dos sistemas bioquímicos mais complexos e relevantes do organismo humano. O sistema endocanabinoide é responsável pela manunteção da homeostase do organismo, incluindo a regulação de funções imunológicas, digestivas, neurológicas, metabólicas e reprodutivas, dentre outras. Os endocanabinoides (eCBs) anandamina (AE) e 2-araquidonoilglicerol (2-AG), os receptores canabinoides CB1 e CB2 e as enzimas de síntese e degradação destes endocanabinoides constituem o sistema endocanabinoide.

Tem sido demonstrado que o CBD apresenta baixa afinidade de ligação aos receptores CB1 e CB2 (acoplados a proteínas inibitórias Gi/o), atuando como um modulador alostérico negativo do receptor CB1 e como um antagonista/agonista inverso do receptor CB2, o que justifica em parte a ausência de efeitos psicoativos deste canabinoide. Enquanto o receptor CB1 é expresso principalmente no sistema nervoso central (SNC) e modula a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica através da inibição de canais de cálcio dependentes de voltagem, o receptor CB2 é encontrado em maior quantidade no sistema nervoso periférico (SNP) e em células do sistema imune, estando envolvido na regulação de respostas imunes e inflamatórias. Desta forma, ao modular a atividade de receptores CB1 e CB2, o CBD pode desencadear diferentes efeitos biológicos.

Além da interação com receptores CB1 e CB2, estudos demonstram que os efeitos do CBD no organismo humano podem ser associados com a modulação de outros receptores metabotrópicos. Neste contexto, o CBD atua como um antagonista do receptor órfão GPR55 e do receptor opiode σ1, antagonista não competitivo do receptor serotoninérgico 5HT3A, bem como agonista dos receptores serotoninérgicos 5HT1A e 5HT2A e do receptor adenosinérgico A1. Tem sido sugerido que interação do CBD com o receptor 5HT1A, por exemplo, estaria relacionada ao potencial terapêutico deste canabinoide no manejo de certos transtornos psiquiátricos. Adicionalmente, o CBD também pode regular a ativação de receptores acoplados a canais iônicos (receptores ionotrópicos) e canais iônicos dependentes de voltagem, alterando o potencial de membrana das células. Assim, já foi demonstrado que o CBD inibe canais de sódio dependentes de voltagem e o canal de cálcio tipo T, assim como ativa o receptor GABAérgico do subtipo A (GABAA ), receptores de glicina (GlysR) e receptores vaniloides de potencial transitório (TRPV1 e TRPV2). Ainda, o CBD pode acarretar na dessensibilização de canais TRPV, levando à redução do influxo de cálcio para as células e, consequentemente, redução da atividade celular. Particularmente, à interação do CBD com o receptor TRPV1 tem sido sugerido um papel na mediação dos efeitos neuroprotetores, anticonvulsivantes e imunomoduladores.

Por fim, além da modulação da atividade de receptores de membrana, tem sido demonstrado que o CBD exerce seus efeitos biológicos através de outros mecanismos moleculares. Como exemplo, a ativação do receptor nuclear PPARγ (limitando o estresse oxidativo e a inflamação), a inibição do transportador de nucleosídeo ENT1 (reduzindo a captação de adenosina e promovendo o aumento de sua concentração no meio extracelular), e a inibição da enzima amida hidrolase de ácidos graxos (FAAH) – o que acarreta no aumento dos níveis endógenos do endocanabinoide anadamida.

Epilepsia (Síndromes De Dravet E Lennox-Gastaut)

A epilepsia é um distúrbio comum a diversas doenças. É caracterizada pela hiperexcitabilidade de um grupo de neurônios em determinada região cerebral, que acarreta na manifestação de crises epilépticas parciais (se os sinais elétricos estão desorganizados em um dos hemisférios cerebrais) ou totais (se essa desorganização ocorrer nos dois hemisférios). Os sinais e sintomas associados a estas crises epilépticas podem variar entre os indivíduos, incluindo perda de consciência, movimentos involuntários em determinadas partes do corpo ou movimentos repetitivos, tontura e formigamento, alterações sensoriais, entre outros. Embora diversos medicamentos antiepilépticos tenham sido disponibilizados para uso clínico nas últimas décadas, o prognóstico da epilepsia permanece inalterado e aproximadamente um terço dos pacientes são refratários ao tratamento, ou seja, continuam apresentando crises convulsivas mesmo com a utilização contínua destes medicamentos. Além disso, muitos pacientes são acometidos por efeitos adversos significativos durante o tratamento com os medicamentos antiepilépticos disponíveis atualmente. Com isso, a eficácia e a segurança de novas abordagens terapêuticas que auxiliem no tratamento da epilepsia e na remissão das crises convulsivas tem sido avaliada, visando promover uma melhora da qualidade de vida destes indivíduos. Neste

contexto, estudos clínicos vêm demonstrando que a administração de CBD pelas vias oral ou sublingual reduz a frequência e a intensidade das crises convulsivas em pacientes com epilepsia refratária, incluindo nas síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut.

Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é uma doença neurológica, crônica e autoimune caracterizada pela destruição progressiva da bainha de mielina – estrutura lipoproteica sintetizada por oligodendrócitos e depositada ao redor do axônio de neurônios. Nesta doença altamente incapacitante, a desmielinização dos neurônios compromete a função destas células e resulta na manifestação de uma série de alterações sensoriais e motoras que prejudicam de maneira significativa a qualidade de vida dos indivíduos. A espasticidade (aumento involuntário da contração muscular) é um sintoma comum em pacientes com esclerose múltipla e que aumenta em prevalência e gravidade à medida que a doença progride, frequentemente acompanhada de dor, espasmos, rigidez muscular, restrições de mobilidade, distúrbios do sono e disfunções urinárias. Atualmente, relaxantes musculares (como baclofeno, tizanidina e dantroleno), benzodiazepínicos e anticonvulsivantes tem sido utilizados para o tratamento da espasticidade associada à esclerose múltipla, embora estes fármacos sejam considerados pouco efetivos na redução deste sintoma e possam acarretar diversos efeitos adversos. Neste contexto, estudos clínicos demonstram que a administração de CBD pelas vias oral ou sublingual promove uma redução significativa da espasticidade muscular, frequência de espasmos, dor e distúrbios do sono em pacientes com esclerose múltipla, além de melhorar a mobilidade destes indivíduos. Desta forma, estas evidências apontam que o CBD pode auxiliar no tratamento da esclerose múltipla ao reduzir a manifestação dos sintomas associados a esta condição clínica e contribuir para a melhora dos sintomas destes pacientes.

Dor Crônica

A dor neuropática é um tipo de dor crônica decorrente da lesão em fibras nervosas nociceptivas após danos teciduais ou degeneração relacionada a outras doenças (incluindo doenças neurodegenerativas ou autoimunes, diabetes, câncer, alcoolismo, entre outras). A intensidade da dor é variável e os sintomas mais comuns são dor contínua em queimação, dor em choques, anodinia mecânica, formigamento ou amortecimento em regiões específicas do corpo. Além da dor neuropática, a fibromialgia é uma síndrome de etiologia desconhecida, caracterizada pela manifestação de dor musculoesquelética crônica e generalizada, geralmente acompanhada de outros sintomas, tais como fadiga, dor de cabeça, distúrbios do sono, alterações de humor e depressão. Para o tratamento destes tipos de dor crônica usualmente são empregados fármacos que diminuem a atividade elétrica nas fibras nervosas nociceptivas (como anestésicos, analgésicos opioides, anticonvulsivantes e alguns antidepressivos). Adicionalmente, estudos clínicos também apontam a eficácia e segurança do CBD no tratamento de dores crônicas, reduzindo a alodinia e a hiperalgesia nestes pacientes.

Outras Evidências

Evidências clínicas também sugerem o potencial terapêutico do CBD na redução dos sintomas associados a transtornos psiquiátricos (como ansiedade, depressão e transtorno do estresse pós-traumático), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, doenças neurodegenerativas (doença de Parkinson e doença de Huntington) e condições inflamatórias da pele.

Observações

Não é recomendada a utilização de CBD por crianças menores de 2 anos de idade, gestantes e lactantes devido à escassez de evidências clínicas que demonstrem sua eficácia e segurança nestas populações. Em idosos, a dose máxima utilizada pode ser menor do que a usualmente empregada para pacientes mais jovens, e o aumento da dose deve ser realizado gradualmente, a critério e sob acompanhamento do médico prescritor. Além disso, a administração CBD deve ser realizada com cautela em pacientes com comprometimento da função hepática ou renal, bem como em pacientes com distúrbios intestinais, cardiovasculares ou neurológicos, ou ainda em pacientes com disfagia grave, devido ao risco de complicações pulmonares em decorrência da aspiração do produto.

Evidências clínicas apontam a administração de canabidiol pela via oral é segura e bem tolerada tanto em regimes posológicos agudos quanto crônicos. As reações adversas que podem ser observadas durante a sua utilização não se manifestam em todos os indivíduos, bem como sua ocorrência é mais provável no início do tratamento e geralmente desaparece após alguns dias. De acordo com o descrito na literatura científica, as reações adversas mais comuns associadas à administração destes canabinoides incluem sonolência, fadiga e alterações no apetite. Além destas, também pode ocorrer sedação, tontura, confusão, agitação, insônia, irritabilidade, perda de peso, distúrbios gastrointestinais, reações de hipersensibilidade cutânea, distúrbios respiratórios e alterações nos níveis de enzimas hepáticas.

Adicionalmente, já foram descritas na literatura científica interações medicamentosas do CBD com diversos fármacos metabolizados pelo citocromo P450 (CYP), tais como carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, topiramato, clobazam, itraconazol, fluconazol, fluoxetina, clopidogrel, efavirenz, ritonavir, rifampicina, claritromicina, entre outros.

Desta forma, a administração concomitante de CBD com outros fármacos deve ser realizada com cautela e apenas mediante prescrição e supervisão médica, visto que o ajuste da dose deste canabinoide ou de outros medicamentos pode ser necessária.

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REFERÊNCIAS:
https://abraceesperanca.org.br/pesquisas/
https://exame.com/negocios/com-aval-da-anvisa-novo-canabidiol-chega-em-julho-as-farmacias/
https://portal.cfm.org.br/canabidiol/motivos.php
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2018/canabidiol-e-thc-norma-permitira-registro-de-produto
https://blog.matheustriliconeurologia.com.br/canabidiol-para-que-serve/
https://portal.fiocruz.br/noticia/evidencias-mostram-potencial-da-cannabis-contra-doencas
https://hospitalsantamonica.com.br/psicoativos/
https://www1.folha.uol.com.br/webstories/equilibrioesaude/2021/08/para-que-serve-o-canabidiol/
https://www.abem.org.br/o-potencial-da-cannabis-medicinal-para-a-esclerose-multipla
https://www.medi.com.br/canabidiol-200mg-ml-solucao-oral-com-30-ml—seringa-dosadora–prati-donaduzzi